Drawn: Um Adeus

John Martz anunciou, há poucas horas, que o Drawn! iria fechar. Não uso o termo acabar, porque a internet tem uma memória longa, muito longa. Portanto, em algum lado ficará. Duvido que quem esteja ligado a ilustração, banda desenhada e animação desconheça o Drawn! e a influência que teve. Mudou carreiras, deu a conhecer e alargou perspectivas, pessoalmente tive a sorte do QuotesonComics.com ter sido lá mencionado, o que (a par de outras menções) trouxe uma avalanche brutal de visitantes.

Não escrevo esta entrada com uma ponta que seja de saudosismo, porque na internet 2005 soa a 1905 e os blogs (tirando excepções e aqueles que se foram aglomerando em consórcios de publicação) são quase passado. Imagens há muitas, para todos os gostos e em todo o lado e os processos de publicação estão cada vez mais rápidos, partilhar e distribuir são feitos num estalar de dedos e em vários sítios em simultâneo. Hoje mais no Tumblr ou no Facebook, amanhã ninguém sabe (mas aposta). Daí que John Martz comece o texto de despedida, “Drawn 2005-2013”, indo ao centro da questão.

Have you heard of these things called blogs? Blogging wasn’t new in 2005, but it was still a niche hobby for the technologically minded.

E depois, mais à frente, avance com argumentos para o fecho.

In a 2013-era Internet that allows artists to share their work easier than ever and to a bigger audience than ever, and for anyone to start a Tumblr or a Pinterest account to collect and curate their own inspirations and influences, a 2005-era link blog like Drawn grows increasingly irrelevant.

O que é verdade, ainda há pouco lá fui e pensei: o Drawn ainda existe?! Às vezes penso exactamente a mesma coisa sobre o meu blog (ainda existe?!?), porque para ser sincero, a minha vida como dele mudou, o entendimento que tenho da net e tecnologia também. E tenho cada vez menos tempo e menos paciência para manter o meu blog, um peso que arrasto desde sei-lá-quando, que cada vez é menos actualizado e menos sentido faz. Mas pronto, gosto de guardar coisas, podia dar-me para pior. Falta-me o rasgo que John Martz teve, perceber o óbvio e fechar portas, mas se calhar a diferença está aí e foi isso que fez do Drawn! um grande blog.

E pronto está dada a notícia.