Lorenzo Díaz explica-nos, logo na introdução, que nisto dos super-hérois cada um tem as suas escolhas pessoais. Exercendo o poder que a posição de autor lhe dá, também fez as escolhas dele, ou seja, quando um qualquer leitor conservador encontrar Sandman, Plastic Man, Howard The Duck ou umas Teenage Mutant Ninja Turtles à mistura com Daredevil, Batman, Spawn e Superman poderá não sofrer um ataque de taquicardia, mas de certeza que será o suficiente para se sentir perturbado.
Eu não me senti, e penso ninguém se sentirá ofendido por essa “arrogância” depois de ler este dicionário. Num estilo eficaz e bem humorado, por vezes até irónico, Lorenzo Díaz dá-nos a biografia de uma centena de super-heróis, relatando não só a indispensável origem e respectiva evolução, mas também referenciando todos os autores (quando é caso disso) responsáveis por essa mesmo percurso. Mas não se fica por aí, porque vai discorrendo com sentido crítico sobre a personagem e o tratamento que ela teve por parte da editora, os períodos mais importantes da mesma e sobre esta ou aquela edição que marcou a vida do super-herói de que se fala. Um senão: as entradas estão em espanhol, o que também não é assim tão jodido, porque os tradutores espanhóis mantêm quase sempre o nome original. Mesmo assim, e para compensar o senão, no fim do dicionário há uma lista com os nomes em espanhol e inglês, lado a lado.
Diccionário de Superhérois
Lorenzo Díaz
Glénat – 119 pp, PB
Texto publicado na revista Quadrado, Volume 3, Nº1, Janeiro de 2000.