01.
A exposição de François Chalet [na imagem, à direita, nos anos 80] é das mais fulgurantes em termos de quantidade e variedade de material exposto: impressões a jacto de tinta, fotocópias, páginas de revista, acetatos, animações flash, montagens em papel, cartazes, brochuras, postais, autocolantes e um longo etc. Limitando-se quase exclusivamente a formas simples para construir a figura humana, não é de admirar que a grande força das ilustrações de François Chalet esteja toda concentrada nas expressões faciais e em soluções muito simples que criam a ilusão de movimento. Muitos dos trabalhos expostos resultam da combinação entre o design e a ilustração, mas tanto num caso como no outro tudo é limpo, inteligente e cheio de graça.
02.
Não entendo como é que um suíço, ainda que a viver em Paris, consegue ser tão sardónico e descontraído ao mesmo tempo.
03.
Club ABC Mixx, 2 da manhã. O François Chalet é o VJ de serviço, mas o DJ residente parece não querer acertar o ritmo da música com o das imagens. O DJ muda, agora é uma DJ, a música melhora e eu tento evitar apanhar com os pés de um suíço gigantesco que desata aos pulos de histeria mal houve Chemical Brothers. Alguém diz qualquer coisa ao microfone, peço tradução a uma alemã que está ao meu lado, ela diz-me que “… há uma carteira junto à pista de dança, estão a pedir ao dono que a vá buscar!”. Meu Deus, penso: será que aqui até os donos e empregados das discotecas são honestos?!
04.
São quase 4 da manhã, acabou a música e a discoteca vai fechar. Meu Deus, penso: será que aqui até os donos e empregados das discotecas se deitam cedo?!
05.
Estamos a horas do fecho do Fumetto, não há quase ninguém à nossa volta. Eu e o François aproveitamos para beber uma cerveja, falamos em francês sobre a maneira como os suíços se vestem e sobre o festival. Mais uma cerveja, eu continuo a falar francês, mas o François muda para inglês, falamos de fotografia e Paris. Outra cerveja, eu mudo para inglês, o François fica indeciso, mas acaba por optar pelo espanhol. Mais outra cerveja, falamos os dois em espanhol sobre Argentina e mulheres. Outra logo de seguida, ele fala alemão e eu misturo francês com espanhol, a conversa é sobre desenho assistido por computador e linhas curvas. Levantamo-nos e vamos buscar mais duas cervejas, as últimas, mesmo para acabar. Estamos ansiosos para desmontar as nossas exposições, boa desculpa para irmos buscar outras duas cervejas. Depois, depois só dizemos palavrões. Sem parar.