Estudo onde são avaliadas e explicadas várias questões, como: grafismo, géneros literários, ideologia, mensagem e ilustração; nesta última os autores parecem confundir a ilustração com bd, incluindo-as na mesma secção. Cada um dos textos é acompanhado por muitos e variados exemplos, com o claro objectivo pedagógico de demonstrar aquilo que resulta ou não.
O pior é a apresentação gráfica, repugnante. O que é muito grave, principalmente quando se tecem considerações e críticas sobre essa componente no trabalho dos outros. A juntar a tudo isto há ainda uma “lista geral” e um “mapa grundi” (demorei horas a perceber o grundi) dos fanzines que existem nos diferentes estados, onde São Paulo bate, por exemplo, Piauí por 359 a 5! Este mapa da demografia fanzineira do Brazil tem, como é fácil de perceber, muito de especulativo, mas é aceite pela boa vontade.
Detalhe: no “expediente” a “redacção e revisão” é atribuída a Bia Albernaz e Maurício Peltier, o que nos leva a considerar que talvez sejam eles os autores, caso contrário este livro seria anónimo, porque na capa não consta nenhum nome e a lombada, espante-se, é totalmente branca. Tirando a boa vontade especulativa e despreocupação gráfica, temos um livro que se lê muito bem e aconselhável a todos os que querem ser, como é dito na introdução, “nossos enfants de la patrie, resistentes, irônicos, incrivelmente diferentes do padrão do ser humano competitivo, individualista e embotado estimulado pela televisão e grandes jornais”…
Almanaque de Fanzines – O Que São e Como São
Bia Albernaz e Maurício Peltier
Arte de Ler – 95 pp, PB
Texto publicado na revista Quadrado, Volume 3, Nº1, Janeiro de 2000.