Coimbra e Balbec

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As cidades com um património arquitectónico decadente sempre ficaram bem dentro de um quadrado, Coimbra não é uma excepção. Isto a propósito da exposição Coimbra na BD que abriu hoje, dia 17 de Junho, no Museu de Física da Universidade de Coimbra. Comissariada por João Miguel Lameiras, João Ramalho Santos e João Paiva Boléo, a exposição divide-se em dois blocos, a saber: 1. Coimbra na bd nacional e internacional, tendo como objectivo de avaliar a representação da cidade na bd ao longo do tempo 2. Originais do livro O Segredo de Coimbra de Étienne Schréder e espólio do próprio museu colocados lado a lado, tendo esta como objectivo estabelecer relações (e interpretações) entre ambos.

Não fica mal, a propósito desta exposição, citar Gérard Genette: “Paris e Balbec estão ao mesmo nível, mesmo que uma seja real e a outra fictícia, nós somos todos os dias objecto de narrativas, senão mesmo heróis de um romance.”. Além de estar bem articulada uma das ideias centrais da ficção, esta frase também tem a estranha capacidade de fazer qualquer um sentir-se bem. Tudo, sem usar filosofia em segunda mão ou dar lições de optimismo para donas de casa que sofrem de angustia antes da hora do almoço. Aprende Paulo Coelho.

Genette é conhecido pela teorias que formulou sobre o arquitexto e o hipertexto, mas tem ensaios muito interessantes sobre o discurso literário e aspectos, origens e mecanismos da linguagem. Não vende milhões, nem comove multidões, mas é uma boa leitura para os dias mais tristes.