© Fabio Zimbres
A Entrevista Súbita desta semana é com Fabio Zimbres e já está online no blog Mundo Fantasma.
A primeira vez que vi trabalhos do Fabio foi na viragem da década de 80 para 90 dos século passado [sou velhinho, não sou?!] na extinta Animal, revista brasileira, da qual só cá chegavam restos e que publicava o melhor do melhorzinho da época: Stefano Tamburini e Tanino Liberatore, Max, Gilbert e Jaime Hernandez, Muñoz e Sampaio, Vuillemin, Rochette e Veyron, Bernet, entre tantos outros.
A Animal era tão aguerrida no miolo como nas capas, que um dia me foi vendida embrulhada em papel almaço, é que o dono do quiosque lá achou que com com uma capa e título daquele calibre, a coisa só podia ser pornográfica. Além disso, tinha um suplemento, o Mau, com textos, ilustrações e bds de autores brasileiros completamente desconhecidos por cá, mas surpreendentes. Se a revista adoptava o subtítulo Feio, Forte e Formal, o Mau usava outro a condizer, Feio, Sujo e Malvado, e se uma era de vanguarda, podemos dizer que o suplemento era a vanguarda da vanguarda. Isto, porque o Mau misturava estilos dissonantes de desenho, tinha uma agenda de concertos altamente underground e abordava todo o tipo de temas possíveis, da literatura beat ao squatting, do belo das deformações físicas aos horrores do cinema série B, da masturbação ao parafílico. Tudo sem restrições.
Perante isto, as revistas de bd portuguesas [e alternativas, se é que alguma vez as houve] pareciam editadas por gente coberta de pó e a cheirar a mofo. E talvez ainda hoje seja assim. Porque se a imprensa é motor de algumas mudanças, no nosso caso, o motor raramente pega e quando pega, está engripado. Colocando em perspectiva o intervalo de tempo, já se passaram 16 anos!, a Animal padecia de um mal ao qual não podia escapar: o maudito país onde era publicada. Mal partilhado por algumas poucas revistas portuguesas, como a Visão na bd, editada entre 1975 e 76, e a K nas generalistas, editada entre 1990 e 1993. Daí que a todas se aplique o seguinte: não estiveram à frente do seu tempo, nós leitores é que estávamos atrasados.
Voltando ao Fábio, continua com a mesma naturalidade, no desenho não tem medo do erro, do acaso e do frágil. Metáforas visuais que servem para abraçar e fixar a vulnerabilidade da condição humana. Coisa rara nos dias que correm.
The Sudden Interview of this week is with Fabio Zimbres and it’s already in Mundo Fantasma. Fabio Zimbres [1960, São Paulo – Brazil], emerged in the 90s brazilian comic scene. Multidisciplinary, he also works in animation, graphic design, illustration and is in charge of Tonto Publishing House. He has published widely in international anthologies and magazines. Check out his recent Panamá o Las Aventuras de Mis Siete Tios, published by spanish Media Vaca, were Fabio illustrates poems by Blaise Cendrars. Read the interview and a extended version this mini-biography in Mundo Fantasma!