Parafuso Em Lisboa
Parafuso*
7″, Vinil, 45 RPM
Fontana
6139 002
1976
Impressão Gráfica: Sericrom – Indústrias Gráficas Lda.
Distribuição: Phonogram
Ainda que português, pela nacionalidade, Romão Félix foi é e será sempre moçambicano pelo “tudo mais” que fica para além do que oficialmente reza o bilhete de identidade de um cidadão. E foio-o, também, na graça com que captou, de muito novo ainda, o linguarejar descuidado do Povo das rua e bazares, das palhotas ao longo dos carreiros de areia, ao balcão das cantinas da terra portentosa que foi colónia e hoje é nação: Moçambique.
Com esse mesmo Povo se identificando como um irmão entre irmãos, retratou-o – não com a intenção de o menosprezar ou escarnecer, antes com a ternura sádia com que um brasileiro imita um “portuga” ou vice-versa, brincando sem ofender – na personagem que se tornou ídolo de negros e brancos na terra moçambicana: o “Parafuso”. Nele estava o simbolizado o “mainato”-lavadeiro, o contínuo, o cozinheiro, o aldeão-que-vem-para-a-cidade, com os seus risos, suas lágrimas, suas dores e alegrias, suas esperanças, ilusões, encantamentos.
Romão Félix é hoje um português que retornou a Portugal. Mas não veio só. Com ele veio o seu outro–eu [sic]: o “Parafuso”.
Ele aqui está.
“UM AMIGO”
* Romão Félix