Almanaque de Fanzines – O Que São e Como São

Estudo onde são avaliadas e explicadas várias questões, como: grafismo, géneros literários, ideologia, mensagem e ilustração; nesta última os autores parecem confundir a ilustração com bd, incluindo-as na mesma secção. Cada um dos textos é acompanhado por muitos e variados exemplos, com o claro objectivo pedagógico de demonstrar aquilo que resulta ou não.
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Aventuras do Boneco Rebelde

Contribuir com edições para a construção de uma memória, e ao mesmo tempo para que momentos da história da banda desenhada portuguesa não se percam, é louvável e de indiscutível valor. Quer por questões culturais ou não, a nossa memória da bd portuguesa parece ser muito curta e imperfeita, principalmente no que diz respeito a personagens e autores só editados em jornais e revistas. A colecção Bedeteca, editada pela Bedeteca de Lisboa e pela BaleiAzul, quer contrariar isso dando o exemplo e preservando obras que doutro modo se perderiam nessa construção nada linear que é a história.
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Diccionário de Superhérois

Lorenzo Díaz explica-nos, logo na introdução, que nisto dos super-hérois cada um tem as suas escolhas pessoais. Exercendo o poder que a posição de autor lhe dá, também fez as escolhas dele, ou seja, quando um qualquer leitor conservador encontrar Sandman, Plastic Man, Howard The Duck ou umas Teenage Mutant Ninja Turtles à mistura com Daredevil, Batman, Spawn e Superman poderá não sofrer um ataque de taquicardia, mas de certeza que será o suficiente para se sentir perturbado.
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Guia Basica Del Comic

A proposta de um guia que ajudará o leitor, menos informado ou atento, é interessante. De facto, para esse tipo de leitor que vive entre dúvidas existenciais, valerá a pena? quem é este tipo?, ou é assaltado por questões mais pragmáticas, gasto dinheiro com isto?, talvez seja esta a solução mais indolor e rápida. Para esses, e também para os outros, aqui estão estas 207 páginas onde poderão encontrar biografias dos autores tidos como imprescindíveis, sejam eles contemporâneos ou não, as obras de referência de cada um deles e uma bibliografia recomendada. É claro que não se esqueceram de somar ao conjunto nomes de autores espanhóis, o que até ajuda para quem vai a uma livraria espanhola e não sabe muito bem o que comprar. Longe dos insuportáveis dicionários, tanto no preço como no peso, ou dos ambiciosos cânones, temos aqui um guia acessível e portátil, cumprindo um papel singular, o do amigo bem informado, prestável, simpático e nada chato, aquele em quem podemos confiar e por isso mesmo seguir os concelhos dele sem nos arrependermos. Comprem o livro e esqueçam os vossos amigos.

Guia Basica Del Comic
Eric Frattini y Óscar Palmer
Nuer Ediciones – 207 pp, PB

Texto publicado na revista Quadrado, Volume 3, Nº1, Janeiro de 2000.

O Manuscrito Durruti

A ideia maior dos autores de Impostores Intelectuais, tradução literal, é muito simples e estimulante: de que é feito o pensamento pós-moderno. A conclusão a que chegam Alan Sokal e Jean Bricmont, ambos professores universitários de física, um em Nova Iorque e o outro em Lovaine, é a de que o discurso pós-moderno é antes de tudo um jargão, ao serviço da ideologia e não da honestidade intelectual.
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A Aventura de Hergé

A figura e a obra de Hergé é de incontestável importância para a história da bd europeia e mundial. Qualquer autor terá pelo menos uma opinião sobre o estilo, as histórias e personagens que Hergé deixou como legado, seja qual for essa opinião, ela será favorável ou apaixonada. Por outro lado, são poucos aqueles que nunca leram as aventuras de Tintim, mesmo que tivesse sido um só álbum, o que prova que mais do que banda desenhada Hergé deixou um personagem excepcional, Tintim.
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Encruzilhadas

Viajar é, entre muitas outras coisas, estar de passagem, por isso, o viajante é alguém que tem a possibilidade de ouvir histórias e confissões que de outra maneira não seriam feitas, um confessor ambulante. Um confessor que tem a vantagem de não pertencer a uma teia de relações sociais, ou cumplicidades mundanas, e não é obrigado a guardar segredo.
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The R. Crumb Coffee Table Art Book

Este livro é uma recolha representativa da obra de Crumb até aos anos 90, cada capítulo tem uma introdução escrita pelo próprio Crumb. Se as primeiras introduções são interessantes pelo contexto histórico e pela vida pessoal, a coisa começa a aborrecer quando entramos nos anos 70 e vão-se tornando intoleráveis à medida que avançamos para os anos 90.
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BD: Jogos Humanos (II)

“[…] “Jogos Humanos”, resultado da sinergia de dois talentos em ascensão, Paulo Patrício (argumento) e Rui Ricardo (desenho). Se a história aborda temas polémicos exactamente como devem ser abordados (como se fossem, como são, tão naturais como quaisquer outros), o traço vinca essa naturalidade inocente, usando muito bem o fundo escuro das páginas. “Jogos humanos” é ainda uma lição rara na abordagem da linguagem quotidiana.”

João Ramalho Santos
in Jornal de Letras

BD: Jogos Humanos (I)

“O conjunto tem a eficácia e a densidade de uma “sitcom”, com a frivolidade a mascarar o quotidiano e a reflexão a esconder-se no entrechoque dinâmico das figuras. Embora nem sempre a figuração acompanhe a narrativa. Nota-se alguma rigidez no desenho, como se sente demasiado a ausência de fundos, embora haja bons enquadramentos e páginas intensas, aproveitando na perfeição o fundo negro das páginas.
O carácter, a um tempo, contemporâneo e local é ainda acentuado com a apresentação, à laiad de fundo musical, de um certo Porto, concreto e húmido, com as suas referências noctívagas e geracionais. Bem divertida é ainda a cena em que os autores se autorepresentam enquanto homofóbicos. Todos sem excepção, autores e amigos, cidade íntima e Porto exterior, entram neste jogo humanista.
O tema é a sexualidade, está claro, mas falada, reflectida, digerida, pois o pudor dos autores não permitiu senão, e já no fim, uma “cena de cama”. Tradicional e sem excessos gráficos, apesar do número de parceiros. A investigação não passa aqui pela representação da carne, mas pelo comércio dos corpos que oferecemos uns aos outros em conversa. Ainda que seja apenas à flor da pele.”

João Paulo Cotrim
in O Independente