A Máquina do Hype #01

Hype 01
© The Cobra Snake

Peças Novas

É verdade, Feist conseguiu, 1 2 3 4 é o segundo grande single posto a circular do álbum que já aí está há venda, The Reminder, o outro é My Man, My Moon. A diferença é que este 1 2 3 4 dá para tudo: trautear, dançar, bater palminhas e até para pensar que não é com golpes de sorte que se conseguem coisas destas. E há que reparar na engenharia da coisa: até aos 20 e poucos segundos parece que nada vai acontecer, depois a melodia abre e leva-nos com facilidade. O vídeo acompanha a excelência do single, confirmem no Youtube.com. Só de pensar que houve um tempo em que Feist usava o nome de Bitch Lap-Lap e rapava em espanhol com um fantoche feito de meias, até dói.

Peças Soltas

Darondo. O homem andava de Rolls Royce branco, abria concertos para o James Brown e era tido como o próximo Al Green, até que em meados de setenta desapareceu. Foi recuperado em 2005 por Gilles Peterson para a colectânea [Gilles Peterson] Digs America, com o single Didn’t I. Tendo em conta o interesse que despertou, a Ubiquity lançou no ano seguinte Let My People Go. Nela está recolhida, se é que assim se pode dizer, a obra completa de Darondo, que se resume a nove singles. Sim, nove, mas todos grandiosos. Há coisas assim.

Peças Usadas

Não é novidade nenhuma: são três raparigas de Brooklyn, todas teclistas, dão pelo nome de Au Revoir Simone [não a de Beauvoir, mas tanto quanto se sabe, a de um filme de 1985, Pee-Wee’s Big Adventure, de Tim Burton], editaram um álbum, The Bird Of Music, e foram adoptadas como coqueluche por [quase] tudo o que é blog e revista de música. E até David Lynch anda por aí a dizer que são as preferidas dele. O uso abusivo dos sintetizadores e o lado querido das Au Revoir Simone fazem lembrar muito uma coisa de início dos anos 90, Les Mariages Chinois, de Philippe Katerine, reeditado há pouco. Ambos os discos, o das Au Revoir hoje e o de Katerine em retrospectiva, sofrem do mesmo mal: à primeira escuta fascinam, à segunda descobrimos-lhes as fragilidades e à terceira estão gastos. Agora uma pequena teoria: uma busca rápida ao Google e os resultados indicam rapidamente o porquê da súbita euforia à volta das Au Revoir Simone, para além de carinha laroca, há pernoca bem feita. Neste caso, a multiplicar por três.

Medição e Ensaio de Peças

Nota máxima para os nomes que as bandas brasileiras escolhem. Depois dos Cansei de Ser Sexy, há agora os Luísa Mandou Um Beijo. São do Rio, não consta uma Luísa da formação, mas sim uma Flávia, acompanhada de Fernando, PP, PC, Shockbrou, Andrezinho e Luciano. Fazem pop como deve ser, levezinha e fresca, confiram Hoje, o Mar Dançou no Céu. O álbum está todo aqui, o download é gratuito e legal.

A minha Máquina do Hype é publicada todas as segundas-feiras.

Entrevista Súbita Com Peter Kuper

Peter Kuper
© Peter Kuper

Esta semana, a Entrevista Súbita é com Peter Kuper e já está online no Mundo Fantasma.

Peter Kuper, em boa parte, sempre fez questão de imprimir às bds e tiras que publica um tom político. Abordando sobretudo uma ideia: a do estado todo poderoso, logo opressor. E quando se afasta dessa, adopta esta: a da brutalidade social do capitalismo. Ambas as ideias, como é natural, entroncam-se numa outra, mais complexa, a das maleitas do “sistema”.

Daí as adaptações das obras de Kafka e Sinclair, daí o uso frequente do preto e branco, daí a simplicidade do traço e talvez aí a explicação para a mudez de muitas das bds e tiras de Kuper. Esta ausência de palavras, servirá [talvez] para evitar o uso dos chavões panfletários no discurso escrito. Coisa que é vulgar em quem aborda questões políticas, infelizmente, mas é raro em Kuper, e ainda bem.

Tudo isto poderá ser verificado no recente Sticks and Stones, novela gráfica “muda” sobre a ascensão e queda dos impérios, neste caso, um feito de pedra que conquista outro de pau. Grande leitura!

The Sudden Interview of this week is with Peter Kupert and it’s already in Mundo Fantasma. Peter Kuper [1958 – USA] founded in 1979, with Seth Tobocman, World War 3 Illustrated. Among other great works, he did critically acclaimed graphic adaptations of Franz Kafka’s The Metamorphosis and Upton Sinclair’s The Jungle. Since the mid nineties, Peter illustrates for Mad magazine the famous series Spy vs. Spy by Antonio Prohias. Check out the interview and a extended version this mini-biography in Mundo Fantasma!

Entrevista Súbita com Tom Hart

Tom Hart
© Tom Hart

Esta semana, a Entrevista Súbita é com Tom Hart e já está online no Mundo Fantasma.

Conheci o Tom em 1997, no 9º Salão Internacional de BD do Porto, muito mais tarde, em 2003, fui convidado por ele para participar no Serializer.net, um site norte-americano dedicado a webcomics.

Além de simpático, o Tom é uma daquelas pessoas que tem energia, como se costuma dizer, para dar e vender. O que contrasta com o sentido poético das histórias que conta, mas se ajusta ao perfil libertário [quase tumultuoso] de algumas personagens que foi criando. Outro detalhe curioso, é o facto dessas personagens citarem, a meio de diálogos, escritores e poetas. Nada de novo, não fosse o facto das citações serem belíssimas e os escritores a quem são atribuídas não existirem.

Entre o poético e o libertário, fica por dizer que há em Hutch Owen, personagem central em toda a obra do Tom, muito de Whitman e Thoreau. Olhando para o Tom, julgo que se pode dizer o mesmo.

A única recomendação que posso fazer, se não conhecem de todo os livros, é que comecem por visitar com atenção o site dele.

The Sudden Interview of this week is withTom Hart and it’s already in Mundo Fantasma blog. Tom Hart [1969, Kingston, NY – USA] started doing comics in the early 90s and published his first book, Hutch Owen’s Working Hard, in 1994 with the help of a Xeric Foundation grant for self-publishing.  Since then, the stories of Hutch Owen have been collected in books and serialized on the web. He also have published several graphic novels, like New Hat Stories and The Sands. Check out his blog or website, were you will find Hutch Owen daily strips and Trunktown series, with Shaenon K. Garrity. You can read an extended version his mini-biography in Mundo Fantasma!

Entrevista Súbita com Scott Morse

Scott Morse
© Scott Morse

Esta semana, a Entrevista Súbita é com Scott Morse e já está no blog Mundo Fantasma.

O estilo visual de Scott Morse tem muito de animação, sobretudo no que diz respeito a enquadramentos e planeamento da acção, e um toque “oriental”, que resulta do traço anguloso do desenho. Quanto à narrativa, Scott canibaliza e cruza com facilidade referências culturais distintas, de Kurosawa a Sergio Leone, da mitologia antiga à moderna; recorre a personagens de todo o tipo, do mais extraterrestre ao mais humano que por aí há; e tanto alinha no humor absurdo, como é capaz de grandes momentos líricos. O melhor de tudo, no entanto, é o uso exemplar que dá a uma das melhores ferramentas narrativas que há: o silêncio.

Altamente recomendado, é o recente e fantástico The Ancient Book Of Myth And War, em parceria com Lou Ramano, Don Shank e Nate Wragg.

The Sudden Interview of this week is with Scott Morse and it’s already in Mundo Fantasma blog. Scott Morse [1973, California – USA] is a animator, illustrator and comic book artist. With a unique art and storytelling style, Scott break into comics in 1997 with the much acclaimed Soulwind, a epic that earned him several Eisner nominations. After that, he gave us other great graphic novels and miniseries, such as Loud Cannoli, Volcanic Revolver and The Barefoot Serpent, among others. You should definitely check out the recent and gorgeous The Ancient Book Of Myth And War, with Lou Ramano, Don Shank and Nate Wragg. You can read an extended version of this mini-biography in Mundo Fantasma!