Máquina do Hype #20

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© Last Nights Party

Depois de um longo intervalo, a Máquina do Hype está de volta, e novidade! novidade!, apresenta-se em versão miniatura no Twitter, aqui.

(… e já há lá muita coisa, como um link para o MP3 gratuito da grande remistura dos Crookers de Day ‘N’ Night de Kid Cudi!)

Limitadas a 140 palavras, o que ajuda muito a debitar novidades e links com rapidez, as actualizações serão mais frequentes e directas ao assunto, por isso vão passando por lá e façam-se “followers”. Também podem receber as twitadas da Máquina gratuitamente via SMS, para isso basta registarem-se e seguirem as instruções.

Aqui, acontecerá de longe a longe, em moldes diferentes, no entanto, mensalmente será feito um apanhado daquilo que foi colocado no Twiter.

E como o bom tempo chegou (chegou, não chegou?!), fica aqui Toe Jam dos The Brighton Port Authority, projecto criado por FatBoy Slim em 2007 e por onde vão rodando convidados, como Iggy Pop em He’s Frank (que faz parte da colectânea oficial da série Heroes), original dos The Monochrome Set.

Se numa versão inicial Toe Jam contava apenas com David Byrne, agora conta também com a participação de Dizzee Rascal. O vídeo, realizado por Keith Schofield, tem ar de filme softcore do início de 1980, não é difícil encontrar algumas semelhanças entre os figurantes e gente como Ron Jeremy, John Holmes, Jenna Jameson, Jamie Gillis, Veronica Hart ou Christy Canyon. Coisa pouco original a nudez, não fosse as barras negras que censuram as partes íntimas servirem de motor criativo, entre jogos e metáforas visuais, para todas as cenas.

Resumindo: Toe Jam dá para gingar e matar saudades, fala de calor e dedos dos pés, é óbvia e consensual. E como qualquer outro grande amor de Verão, já ninguém se vai lembrar desta música quando chegar Setembro. Ainda bem.

Máquina do Hype #19

Hype #19
© Last Nights Party

Agora que tudo voltou ao normal, a Máquina prossegue nos moldes habituais, e desta vez, escrita a pensar nos headbangers desta vida. O que faz todo o sentido, já que nas últimas duas semanas, fartei-me de dar com a cabeça na parede com tanto trabalho e tão pouco tempo para fazer outras coisas.

Peças Novas

Britney Spears não parece querer abrandar, já se viu de tudo e de tudo se verá. Ironia, é que na imensa vaga de incêndios no sul da Califórnia, onde, dizem as fontes, 1500 casas foram entretanto destruídas pelo fogo, uma das casas que se mantém intocada é a de Britney. Sorte a da dela, azar dos paparazzi. Ou vice-versa, tanto dá. Isto a propósito da remistura de Felix Cartal do velhinho Outrageous, uma agressão tecno de todo o tamanho, donde foi excluída, quase na totalidade, a voz dela. Não é que isso faça a diferença, pelo menos para ela.

Peças Soltas

Os Mr. Miyagi, nome do “mestre” [interpretado pelo actor Pat Morita] no pastelão dos Anos 80 The Karate Kid, são uma dupla sueca [um deles vive em França], composta por “um nerd e um músico de rock”, que começaram por chamar a atenção com a remistura de Beautiful, dos Cicada. A essa juntaram-se outras bem sucedidas, como Atlantis To Interzone dos Klaxons e Get You dos Melomanics, e ainda um 12″ de originais, Fancy Pants, pela Hussle Back. Os Mr. Miyagi vão passar pelo Plano B, Porto, no próximo dia 17 de Novembro. Fica aqui uma entrevista e duas remisturas para audição. E para acabar, uma citação do próprio Mr. Miyagi, que se não estava a pensar no som da dupla sueca, estaria lá próximo: Oh, Daniel-san! You all wet behind ear!

Peças Usadas

Os TodosSantos são venezuelanos, deles fazem parte Alberto Stangarone, Ernesto Pantin e Mariana Martin, dizem-se praticantes de tukky bass, mistura de dubstep, speed garage, baile funk, kuduro, ghetto tech e ghetto dance venezuelano [seja lá o que isso for e signifique]. Além disso, prometem efeitos “visuais ácido-psicadélicos de fazer derreter a cara”, coisa que cumprem, pelo menos a avaliar pelo website deles. Uns segundos a mais por lá, ou a cara derrete ou há ataque epiléptico, isso é certo. No início deste ano, os TodosSantos lançaram Acid Girlzzz pela Flamin Hotz, EP audiovisual nos formatos MP4 e DVD que pode ser reproduzido tanto em iPod, como iTunes e DVD. O download gratuito e legal do EP em versão MP3 pode ser feito aqui,  um deles, OMG We Got It, está aqui na totalidade [vídeo] e lá em baixo apenas em MP3.

Medição e Ensaio de Peças

Os Blamma! Blamma! não vão passar por cá, pena!, mas aquilo que tem passagem obrigatória pela Máquina, é a remistura que eles fizeram de Raw dos Scanners. Ok, como eles são simpáticos, ficam aqui links directos para download de outras tantas remisturas, algumas a roçar o “tecnocrónico”:

Carry Me Home
Blamma! Blamma!
Download

Terminal Velocity
Blamma! Blamma! vs Maximo Park
Download

It’s Getting Boring By The Sea
Blood Red Shoes
(Blamma! Blamma! Red Shoes Mix)
Download

Raw
Scanners
(Blamma! Blamma! Scanners Mix)
Download

Love Hate
Headland
(Blamma! Blamma! Morgasm Mix)
Download

Dogging Sisters
Headland
Download

Palavra de honra: dão todas uma enorme vontade de pegar num par daqueles tubos fluorescentes, começar para aí aos saltinhos e a dar cabeçadas a tudo quanto é parede.

E pronto, foi o Hype.

Ruído da Máquina

Outrageous [Britney Spears]
Myspace.com/felixcartal- 2007
Felix Cartal

Raw [Scanners]
Myspace.com/blammablamma – 2007
Blamma! Blamma!

Get You [Melomanics]
Myspace.com/mrmiyagimusic – 2007
Mr. Miyagi

Atlantis To Interzone [Klaxons]
Myspace.com/mrmiyagimusic – 2007
Mr. Miyagi

OMG We Got It
Acid Girlzzz
Flamin Hotz- 2007
TodosSantos

Nota: A Máquina do Hype é publicada semanalmente. Os MP3s desta edição são autorizados, expressamente e por escrito, pelo[s] respectivo[s] autores[s] e/ou editoras, sendo retirados nas próximas 24 horas.

Máquina do Hype #18

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© Last Nights Party

Sim, ainda estou sobrecarregado de trabalho! Vai daí, aproveitei para puxar deste vídeo, onde Debbie Harry*, gloriosos os Ray-Ban!, explica a uma “escolinha” de miúdos punk rockers o que é o new wave [ver arquivo]. Entre tantas outras coisas, há um miúdo que esfrega manteiga de amendoim no peito e exclama,

– “I wanna be your dog”, Blondie!

E depois, há uma menina que lhe faz uma pergunta muito pertinente,

– Já fizeste cócó em palco?!

Tudo rematado por um final feito à medida da situação, onde as criancinhas, numa atitude aparentemente muito punk rocker, despedem-se com cuspidelas da Debbie. Coitada dela, que já não tem idade para estas coisas. E coitados dos Ray-Ban, que mereciam melhor sorte.

A verdade é que o vídeo não tem assim muita-muita graça, e que roça o pindérico, roça, mas serve para distrair quem por aqui passa e cumprir a Máquina desta semana.

E pronto, foi o Hype. A correr.

* O novo álbum dela, Necessary Evil, foi editado em meados de Setembro.

Máquina do Hype #17

Hype 17

© Last Nights Party

Estou sufocado em trabalho. Sorte, é que acontece sempre um hype qualquer, seja no MySpace.com, Virb.com ou em sites, blogs e publicações de música. O desta última semana são os norte-americanos Black Kids, que à custa do EP Wizard of Ahhhs foram agraciados, do NME ao Pitchfork, com críticas positivas, senão eufóricas. O que é bom para eles, que não tinham editora, e dá-me muito jeito, porque a) estou sem tempo para escrever, b) o EP é gratuito, basta ir ao MySpace deles, e c) musicalmente, não são de desperdiçar. É certo que fazem lembrar Go! Team, Morrissey e até Cure, talvez por isso o single I’m Not Gonna Teach Your Boyfriend How to Dance With You [grande letra, ouçam com atenção!] entre com facilidade no ouvido e faça a alegria dos mais nostálgicos. Tipo: 30 e poucos anos, trabalho precário, mas discografia dos Smiths completa.

E pronto, foi o hype. Versão curta e grossa.

Ruído da Máquina

I’m Not Gonna Teach Your Boyfriend How to Dance With You
Wizard of Ahhhs
Myspace.com/blackkidsrock – 2007
Black Kids

Hurricane Jane
Wizard of Ahhhs
Myspace.com/blackkidsrock – 2007
Black Kids

Nota: A Máquina do Hype é publicada semanalmente.
Os MP3s desta edição foram legalmente disponibilizados pelo[s] respectivo[s] autores[s] em fórum próprio e serão retirados em 24 horas.

Máquina do Hype #16

Hype 16
© Last Nights Party

A segunda época da Máquina abre com aquilo que ficou pendurado entre o início de Agosto e final de Setembro. Seria ingrato ignorar os e-mails que foram recebidos nesse período de tempo, mais ainda quando chegaram com MP3s gratuitos. E como os tempos estão complicados [enfim: crise bolsista, famílias portugueses despedaçadas financeiramente pelo regresso às aulas…] não se pode, de todo, desdenhar aquilo que nos é oferecido de bom grado. Ou como diz o povo: a MP3 dado, não se olha a bitrate.

Peças Novas

Há alguns anos que a Engine Room Recordings trabalhava no projecto, pedir a vários músicos “alternativos” que cantassem temas “mainstream” de que gostam, mas só no passado mês de Maio é que o mesmo ganhou nome, Guilt by Association, e no início de Setembro foi editado. Com sentimento de culpa, e alguma vergonha à mistura, é este o alinhamento:

The Concretes – Back For Good (Take That)
Porter Block – Breaking Free (High School Musical)
Mike Watt – Burning For You (Blue Oyster Cult)
Will Oldham/Bonnie “Prince” Billy – Can’t Take That Away (Mariah Carey)
Casey Shea – Chop Suey (System of a Down)
Devendra Banhart – Don’t Look Back In Anger (Oasis)
Petra Haden – Don’t Stop Believing (Journey)
Mark Mulcahy – From This Moment On (Shania Twain)
Mooney Suzuki – Just Like Jesse James (Cher)
Woody Jackson Orchestra/Money Mark – Love’s Theme (Love Unlimited Orchestra)
Superchunk – Say My Name (Destiny’s Child)
Luna – Straight Up (Paula Abdul)
Goat – Sugar We’re Going Down (Fall Out Boy)
Geoff Farina – Two Tickets To Paradise (Eddie Money)
Jim O’Rourke – Viva Forever (Spice Girls)

As versões resultam quase todas bizarras, mas há bons momentos: Petra Haden em Don’t Stop Believin’, dos Journey; Goat em Sugar, We’re Going Down dos Fall Out Boys [para quem não conhece Goat, estão aqui duas músicas para download gratuito e legal]; e Will Oldham/Bonnie “Prince” Billy em Can’t Take That Away, de Mariah Carey, este encontram-no lá em baixo no Ruído. Posto isto: valerá a pena ouvir Guilt by Association e de seguida os originais, sem qualquer sentimento de culpa.

Peças Soltas

Mark Stewart e Adam Sky gravaram uma versão de We Are All Prostitutes, original de 1980 dos The Pop Group, banda da qual fazia parte Stewart. As remisturas que acompanham a versão pertencem à dupla italiana Crookers e a DJ Shadowdancer, na versão física deste 12”, editado pela Exploted, há ainda uma remistura de Princess Superstar e também um original da dupla Stewart e Sky, Parasite. Houve alguma indecisão, mas como os Crookers são favoritos, está lá em baixo no Ruído a remistura deles. O 12” [designação oficial e algo confusa para a edição digital] pode ser legalmente descarregado aqui, com direito a capa e tudo. Viva a borla!

Outras coisas soltas e para download gratuito que estavam no correio: In Between Two States, instrumental dos Athlete que abre o novíssimo Beyond The Neighbourhood, aqui; Realer Pretender dos Prinzhorn Dance School, download aqui; I Want U Back dos Shocking Pink Girls, também à borla, aqui; demo de Lost My Soul dos Maps, aqui; Ice Blood de Ghosts On Tape, aqui; remix de DJ Eli e Pase Rock para Bonafide Lovin de Chromeo, aqui; e para [re]lembrar o Verão, aqui está SummerMix dos Crookers.

Peças Usadas

Já devia ter escrito sobre os The Maccabees em Maio, quando saiu o álbum de estreia deles, Colour It In, mas acabou por ficar na gaveta. Aquilo que os Maccabees fazem lembra Maxïmo Park, Futureheads, Arctic Monkeys e até mesmo Bloc Party, por outras palavras, fazem parte do hype britânico do momento: gancho eficaz e atitude fresca. Apesar disso, não fosse esta a Máquina do Hype, é difícil resistir a First Love [ouçam-no aqui], grande single, sobretudo a versão acústica que anda para aí à solta.

Medição e Ensaio de Peças

Boa surpresa, mesmo!, foi receber um e-mail de Mesh com uma remistura de Act 3 [download aqui], tema retirado de Theatre Of The Absurd de 2006, onde vale tudo: apitos, sons que parecem saídos de pistolas laser, batidas repetidas até a exaustão e coisas-que-o-valha. É, sem rodeios, música feita para gente com obsessões, tiques nervosos e distúrbios obsessivo-compulsivos. Mas ainda assim, gente feliz. E isto é um elogio honesto. De resto, as estatísticas do Last.Fm demonstram, pela quantidade de vezes que rodou Act 3, que estou dentro de um dos quadros clínicos acima mencionados. E ainda assim, muito feliz da vida.

E pronto, foi o Hype.

Ruído da Máquina

Can’t Take That Away [Mariah Carey]
Guilt by Association – VA
Engine Room Recordings – 2007
Will Oldham/Bonnie “Prince” Billy

Act 3
Theatre Of The Absurd
Mesh – 2006
Mesh

We Are All Prostitutes [Crookers Remix]
We Are All Prostitutes
Exploited Germany – 2007
Mark Stewart vs Adam Sky

Nota: A Máquina do Hype é publicada todas as terças-feiras.
Os MP3s desta edição são autorizados, expressamente e por escrito, pelo[s] respectivo[s] autores[s] e/ou editoras, sendo retirados nas próximas 24 horas.

Máquina em Férias

Hype Vai Para Férias!
© Last Nights Party

Passaram pela Máquina, por ordem cronológica e quase sempre com MP3s para audição, as seguintes bandas, projectos, DJs e sei-lá-mais-o-quê:

Testa Rosa, Belleruche, Sole, 5’Nizza, Amandine, Bodies of Water, Mareva Galanter, Procon, Flufftronix, New Young Pony Club, Supergrass, CéU, Paper, Zach Galifianakis, Will Oldham [Máq. #15], Ayşe Tütüncü, K-Chico, Tiny Dancers, Villa Diamante e Pájaro Sunrise [Máq. #14], Sizo, Syzygy [Máq. #13], Snowden, Trea$ure Fingers, Darien J [Máq. #12], Planetakis, Shir Khan, Kid Sister, Ghosts On Tape [Máq. #11], Kevin Drew, DJ Never Forget, The Pase Rock, Mesh [Máq. #10], Bitchee Bitchee Ya Ya Ya, 1990s, Young & Restless, Jenny Wilson, Mary Onettes, Dan Deacon, Ferraby Lionheart [Máq. #09], Prototokyo, Lismore, Map Of Africa, Chow Nasty, Bobmo [Máq. #08], Booka Shake, Tyskerhår [Máq. #07], Santa Maria, Cato Salsa Experience, Scattermish, Art Brut [Máq. #06], Foals, DJ Sandrinho, The Glamour [Máq. #05], Felix Cartal, Lesbians on Ecstasy, Cansei de Ser Sexy, Blair, Arctic Monkeys [Máq. #04], Prototypes, Crookers, Mr. Oizo, Does it Offend You, Yeah?, Michael Andrew, Amos Lee, Moodymann, Drop The Lime, Sluttt, Miss Odd Kidd [Máq. #03], Sen Kupar, M.I.A., Bonde do Rolê, Armand Van Helden, John Cooper Clarke, SoKo, Plasticines [Máq. #02], Luísa Mandou Um Beijo, Au Revoir Simone, Darondo e Feist [Máq. #01].

A marcar a despedida, fica aqui The Boys dos Dragonette, versão de The Girls de Calvin Harris. Os Dragonette são meio ingleses meio canadianos, fazem Pop um bocadinho suja, lançaram há pouco o altamente recomendável Galore, pela Universal, ao qual se seguiu o EP Take It Like a Man, este pela Mercury. E pronto, foi o Hype.

Agora, vou de férias. Até Setembro!

Ruído da Máquina

The Boys
Dragonette.com – 2007
Dragonette

Nota: A minha Máquina do Hype é publicada todas as segundas-feiras.
Os MP3s desta edição são autorizados, expressamente e por escrito, pelo[s] respectivo[s] autores[s] e serão retirados em 24 horas.

Máquina do Hype #15

Hype #15
© Last Nights Party

Peças Novas

Os Testa Rosa [falta um s em rosa, mas tudo bem] são um trio de Milwaukee, do qual fazem parte o casal Betty Blexrud-Strigens e Damian Strigens, acompanhados por Paul Hancock, e usam a Pop dos anos 60 como motor criativo. As músicas do disco homónimo e de estreia, que só sairá lá para o início de Agosto, são uma prova disso. Tanto é que canções como Ollie & Delilah, Book About Clouds, Arms Of A Tree ou Weather Underground, lá em baixo no Ruído, poderiam muito bem pertencer a um qualquer super grupo feminino daquela década, como as Shangri-Las ou as Ronettes, ou até mesmo a Dusty Springfield. Curioso, é que o eco do passado não está apenas na música, mas também na voz de Betty Blexrud-Strigens. Ainda que no outro extremo musical, o mesmo acontece com a voz de Kathrin deBoer, dos Belleruche, trio inglês que cruza com eficácia funk, jazz e hip-hop e que acaba de lançar Turntable Soul Music, do qual se destacam I’ll Come e Northern Girls [lá em baixo no Ruído, para download gratuito]. Só que neste caso, quando ouvimos Kathrin, recuamos uma década e paramos nos Moloko, ou melhor, na voz de Róisín Murphy. Isto de viajar no tempo através da voz, não cansa, mas farta e cria alguma confusão. O que é uma pena, porque tanto uns como outros, contas feitas, são competentes e até se recomendam.

Peças Soltas

As férias de Verão está aí e nada como arriscar uma compilação feita a partir destas peças soltas: Sole, palavras e batidas hip-hop ásperas, serve para acordar em dias de chuva; Amandine, gajada do indie: atirem-se a isto de unhas e dentes enquanto dura!; Bodies of Water, gajada do indie: se não gostaram dos Amandine, saltem para estes!; Mareva Galanter, ex-Miss França, etiqueta musical yé-yé, ou coisa que o valha, ideal para quem acredita que os franceses ainda chegam lá [como eu…]; Procon, a descrição no MySpace deles é acertada: “Sexo, Perigo, Sintetizadores e Rock”; Flufftronix, idem, aspas, ou quase; New Young Pony Club, para quem se perdeu nos anos 80, mas acaba de reencontrar a vida num pólo Fred Perry! Dica: sigam os links, porque há pelo menos uma música para download gratuito e legal em cada um deles. Se conseguirem uma boa compilação com as músicas que apanharem, enviem-na!

Peças Usadas

Formata para exportação e adoçada por deformação, a MPB é uma fórmula gasta, não sendo por isso de admirar que Tita Lima, Bebel Gilberto ou Cibelle canibalizem outros géneros e influências. E agora temos CéU, Maria do Céu Whitaker Poças, São Paulo, vinte e poucos anos, que mistura bossa, samba, hip hop e jazz num disco homónimo de 2005, relançado há pouco no circuito americano pela Six Degrees/Starbucks Entertainment [sim, a mesma dos coffee shops]. A voz e a fusão de sons convenceram a crítica internacional, ver aqui, enfim: para ouvido estrangeiro, meio Jobim basta.

[… enquanto isso, do lado de lá, o público brasileiro comenta no Youtube.com: “Maravilhoso… essa mulher é mto foda!”.]

Medição e Ensaio de Peças

Os Paper são um casal, Aaron e Adrienne Snow, acabaram de lançar As As pela States Rights Records e fazem electrónica que definem como sendo “poppy krauty trippy floaty funny drummy bassy trippy”, o que pode muito bem ser traduzido por “música que ajuda em dias de ressaca”. Aqui em baixo no Ruído está Mountain, ouçam-na como se fosse um Guronsan.

Surpreendente: o comediante Zach Galifianakis e Will Oldham, juntos, no campo, com movimentos de anca suspeitos e acompanhados de um grupo de dança muito idiossincrático, num vídeo de Can’t Tell Me Nothin de Kanye West…aqui.

Quase que me esquecia: basta uma inscrição aqui, para fazerem download legal do novíssimo Diamond Hoo Ha Man dos Supergrass, gravado ao vivo no mês passado no Guilford Festival!

E pronto, foi o Hype.

Ruído da Máquina

Northern Girls
Turntable Soul Music
Tru Thoughts Records – 2007
Belleruche

Mountain
As As
States Rights Records – 2007
Paper

Weather Underground
Testa Rosa
Latest Flame Records – 2007
Testa Rosa

Diamond Hoo Ha Man [Ao Vivo]
Guilford Festival – 2007
Supergrass

Nota: A minha Máquina do Hype é publicada todas as segundas-feiras.
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Máquina do Hype #14

Hype 14
© Last Nights Party

Peças Novas

A língua é uma coisa complicada, já se sabe. Escrever e cantar noutra que não a nossa, ainda mais. E fazer com que isso pareça tão nosso e tão natural, é no mínimo surpreendente. É o que se pode dizer de Pájaro Sunrise, banda da qual fazem Pepe López e Yuri Méndez, que editaram um álbum homónimo, todo cantado em inglês, com dez canções que ficam a meio caminho entre a pop, o jazz e o country. Não será, apostamos nisso, o “disco da vida” de Saramago, mas que é uma boa estreia dos Pájaro, é. E pronto não muito mais a dizer, a não ser que o Yuri nunca viveu num país de língua inglesa, e o pouco inglês que sabe, garantiu, aprendeu a ouvir música. Estará o truque na pronúncia dele?! A minha resposta: I don’t have puta idea, but I like it muchísimo. Agora, saltem já para o Ruído e ouçam em Sunday Morning Birds (Singin Hallelujah).

Peças Soltas

Há muitas peças soltas, pertencem todas ao DJ argentino Villa Diamante, e juntas dão uma compilação de mash-ups: Bailando Se Entiende La Gente. Como o próprio diz, “manteniendo la ley básica del mashapero free download mp3“, o disco está todo aqui, totalmente à borla. Assim, sim.

Peças Usadas

Cantavam os Táxi que a música também é um produto acabado que “se prova, mastiga e deita fora, sem demora”. A verdade, é que sem o reconhecimento de uma terceira cultura, a tal “sociedade de consumo imediato”, os prazos de validade nunca tinham sido inventados e a Pop tinha menos graça. Isto, a propósito dos Tiny Dancers, banda de Sheffield, Inglaterra, com um nome “inspirado” num hit [Tiny Dancer, 1971] de Elton John e que editaram um álbum de estreia, Free Milk School, cheio de canções que emulam o som de Neil Young, Beatles, e sobretudo, Byrds. Tudo pastilhas elásticas mastigadas e cuspidas vezes sem conta, algumas com um prazo de validade mais do que ultrapassado, mas que mesmo assim continuam a agarrar-se aos dedos, e por muito estranho que possa parecer, às vezes voltam à boca e sabem bem. É o caso de algumas canções, em particular Baby Love e Hannah We Know, mas fica por saber se esta ruminação musical dos Tiny Dancers, como tantas outras, é cuspida cá para fora na hora certa. Mais ainda: se cola ou não à parede. Ou seja, o mercado. A resposta, sem demora e acertada, é daquelas que vale um milhão de euros. E para acabar, registem-se no site deles, onde há sempre músicas para download gratuito.

Medição e Ensaio de Peças

Não sei bem se são os murmúrios, se os gemidos ou ainda a batida cheia e quente, mas Hot Damn de K-Chico, retirado de When I Was Young, poderia ser muito bem a banda sonora deste Verão. Isto se houvesse Verão. Como não há, não se vê, não se sente, pelo menos podemos ouvi-lo em Hot Damn, que de resto também poderia muito bem servir de banda sonora para as fotografias do grande Merlin Bronques, livro aqui!, que ilustram quase todas as edições da Máquina. Agora, é só passar pelo iTunes e comprar o Verão segundo São K-Chico.

Os mais sorumbáticos sempre podem optar por Panayir [Carnavalesco], finalmente no circuito internacional, no qual o trio da pianista turca Ayşe Tütüncü, cruza com destreza o clássico e a improvisação jazzística. Ideal, portanto, para quem olha com apreensão os areais molhados pela chuva. Não há autorização para um MP3, mas há um vídeo, aqui.

E pronto, foi o Hype.

Ruído da Máquina

Sunday Morning Birds (Singin Hallelujah)
Lovemonk Records – 2007
Pájaro Sunrise

Hot Damn [Feat. Namosh]
When I Was Young
Festplatten – 2007

K-Chico

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Máquina do Hype #13

Hype 13
© Last Nights Party

A Máquina chega com atraso, por isso mesmo, continua diferente na estrutura:

Detesto o número 13, não é que seja supersticioso ou coisa parecida, mas há qualquer coisa no próprio número de muito irritante. Irritante, porque quando reparo nele, de repente, começa a aparecer em todo o lado. E é precisamente esta persistência, ou omnipresença, que me irrita. Azares nunca tive, até porque acredito mais nos acasos: felizes ou infelizes. Acontece que quando estou em qualquer lado, virtude profissional, reparo em tudo o que é “gráfico”, desde um postal que esteja para oferta, ao tagging de uma parede, passando pelo desenho do cimento nos passeios. Há sempre qualquer detalhe importante nestas coisas, pelo menos para mim, por isso mesmo, não digo que não a panfletos, autocolantes, cartões e toda a tralha promocional que por aí há.

Há uns dias, deram-me um desses autocolantes, onde havia apenas um endereço: www.deathtosizo.com. Como a tipografia não ajudava, li Death To Siza [Morte Ao Siza] e pensei, aleluia! finalmente um “abaixo assassinato” contra o homem. Só depois é que percebi que não era Siza, mas Sizo. Achei então que se calhar seria um qualquer manifesto online contra o bom senso e a circunspecção, mas nesse caso, siso estava mal escrito, por isso, fiquei na mesma. Quando fui ver o site, percebi que afinal os Sizo são uma banda do Porto, ok, Morte aos Sizo!, e têm um álbum para download gratuito e legal, Nice To Miss You.

Um mês antes, estava perdido na zona de Boavista, não sabia bem onde ficava uma rua e pedi indicações a quem passava. Num muro, atrás da pessoa que me estava a dar indicações, vi grafitado: syzygy.com.pt. Conhecia a expressão da astronomia, mas mais uma vez, fiquei a pensar no que iria encontrar, e lá encontrei as Syzygy, colectivo de hip hop feminino, também do Porto, da qual fazem parte as MC Capicua e M7 e a vocalista Maria e com o EP Três Corpos Astrais Alinhados para download gratuito e legal no site delas. Resultado: naquele dia voltei a pedir ajuda para encontrar a tal rua, porque estive mais atento ao graffiti, do que às primeiras indicações que me foram dadas.

Deixando de lado a má navegação do site dos Sizo e o facto do das Syzygy não funcionar no Safari [tive que recorrer ao Firefox para aceder aos conteúdos], este marketing de guerrilha [?!] resultou muito bem em ambos os acasos. É claro que não tem a mesma amplitude de uma mailing list bem gerida ou de um comboio de amigos do MySpace, de qualquer modo, não é de menosprezar a força que meios de divulgação como estes, convencionais ou até mesmo artesanais, ainda têm. Mais ainda, como estão a cair em desuso, são tão paradoxais, que resultam contemporâneos. Resumindo: o autocolante e o graffiti levaram-me tentar perceber uma mensagem, a descobrir. E isto, é insubstituível como experiência.

O mais engraçado, é que tudo isto aconteceu em dois dias 13, o de Junho e este último, sexta-feira. E pronto, foi o Hype. O décimo terceiro.

Ruído da Máquina

Demo The Satan
Nice To Miss You
Deathtosizo.com – 2007
Sizo

Lobo Mau
Três Corpos Astrais Alinhados
Syzygy.com.pt – 2007
Syzygy

L’Amour
Nice To Miss You
Deathtosizo.com – 2007
Sizo

Nós Somos O Que És
Três Corpos Astrais Alinhados
Syzygy.com.pt – 2007
Syzygy

Nota: A minha Máquina do Hype é publicada todas as segundas-feiras.
Os MP3s desta edição foram legalmente disponibilizados pelo[s] respectivo[s] autores[s] em fórum próprio e serão retirados em 24 horas.

Máquina do Hype #12

Hype #12
© Last Nights Party

Ainda tenho o corpo moído das festas de São Firmino, em Pamplona, por isso mesmo, a Máquina desta semana vai ser um nada diferente.

Uma boa parte do sucesso e fascínio pelo social networking, MySpace.com em particular, está na facilidade com que podemos acompanhar o percurso de um DJ ou uma banda. É certo que muitos vão ficando pelo caminho, mas outros não, conseguem despertar o interesse, colocam músicas para download gratuito, angariam amigos atrás de amigos, espalham MP3s por blogs de referência, entram no circuito de concertos, ganham popularidade, e com sorte, assinam por uma editora e saltam para o mercado discográfico. O processo é este, e se não é, é muito parecido. Voltando atrás, podemos acompanhar esse percurso, alimentando ao mesmo tempo, a convicção de que este DJ ou aquela banda vão cumprir todas as etapas que há entre o anonimato e o sucesso. Se tudo correr bem, são “15 minutos de fama” que podem muito bem acontecer com a nossa ajuda. É claro que a ajuda e a convicção podem também ser levadas a sério, como um investimento real, para isso há o Sellaband.com, uma variante do MySpace onde a música é outra: a do negócio directo entre público e músicos.

Agora, e para acabar os meus 15 minutos de escrita, fica aqui a página do DJ Darien J, onde podem encontrar originais e remisturas, como Tea Tastes Better From A Black Cup e The Morning After The Year Before [download aqui e aqui!], e também para a do Trea$ure Fingers, onde encontram outra remistura, 40 Minutes In The Champagne Room, e de quem podem ouvir a remix Anti-Anti dos Snowden aqui em baixo. Se gostarem, podem fazer o download gratuito e legal do EP Fuel of the Celebration com todas as remixes dos Snowden aqui. E pronto, é o Hype.

Ruído da Máquina

Anti-Anti [Trea$ure Fingers Remix]
Fuel of the Celebration
Snowden

Snowden

Nota: A minha Máquina do Hype é publicada todas as segundas-feiras.
Os MP3s desta edição são autorizados, expressamente e por escrito, pelo[s] respectivo[s] autores[s] e serão retirados em 24 horas.