Entrevista Súbita com Tom Hart

Tom Hart
© Tom Hart

Esta semana, a Entrevista Súbita é com Tom Hart e já está online no Mundo Fantasma.

Conheci o Tom em 1997, no 9º Salão Internacional de BD do Porto, muito mais tarde, em 2003, fui convidado por ele para participar no Serializer.net, um site norte-americano dedicado a webcomics.

Além de simpático, o Tom é uma daquelas pessoas que tem energia, como se costuma dizer, para dar e vender. O que contrasta com o sentido poético das histórias que conta, mas se ajusta ao perfil libertário [quase tumultuoso] de algumas personagens que foi criando. Outro detalhe curioso, é o facto dessas personagens citarem, a meio de diálogos, escritores e poetas. Nada de novo, não fosse o facto das citações serem belíssimas e os escritores a quem são atribuídas não existirem.

Entre o poético e o libertário, fica por dizer que há em Hutch Owen, personagem central em toda a obra do Tom, muito de Whitman e Thoreau. Olhando para o Tom, julgo que se pode dizer o mesmo.

A única recomendação que posso fazer, se não conhecem de todo os livros, é que comecem por visitar com atenção o site dele.

The Sudden Interview of this week is withTom Hart and it’s already in Mundo Fantasma blog. Tom Hart [1969, Kingston, NY – USA] started doing comics in the early 90s and published his first book, Hutch Owen’s Working Hard, in 1994 with the help of a Xeric Foundation grant for self-publishing.  Since then, the stories of Hutch Owen have been collected in books and serialized on the web. He also have published several graphic novels, like New Hat Stories and The Sands. Check out his blog or website, were you will find Hutch Owen daily strips and Trunktown series, with Shaenon K. Garrity. You can read an extended version his mini-biography in Mundo Fantasma!

Entrevista Súbita com Scott Morse

Scott Morse
© Scott Morse

Esta semana, a Entrevista Súbita é com Scott Morse e já está no blog Mundo Fantasma.

O estilo visual de Scott Morse tem muito de animação, sobretudo no que diz respeito a enquadramentos e planeamento da acção, e um toque “oriental”, que resulta do traço anguloso do desenho. Quanto à narrativa, Scott canibaliza e cruza com facilidade referências culturais distintas, de Kurosawa a Sergio Leone, da mitologia antiga à moderna; recorre a personagens de todo o tipo, do mais extraterrestre ao mais humano que por aí há; e tanto alinha no humor absurdo, como é capaz de grandes momentos líricos. O melhor de tudo, no entanto, é o uso exemplar que dá a uma das melhores ferramentas narrativas que há: o silêncio.

Altamente recomendado, é o recente e fantástico The Ancient Book Of Myth And War, em parceria com Lou Ramano, Don Shank e Nate Wragg.

The Sudden Interview of this week is with Scott Morse and it’s already in Mundo Fantasma blog. Scott Morse [1973, California – USA] is a animator, illustrator and comic book artist. With a unique art and storytelling style, Scott break into comics in 1997 with the much acclaimed Soulwind, a epic that earned him several Eisner nominations. After that, he gave us other great graphic novels and miniseries, such as Loud Cannoli, Volcanic Revolver and The Barefoot Serpent, among others. You should definitely check out the recent and gorgeous The Ancient Book Of Myth And War, with Lou Ramano, Don Shank and Nate Wragg. You can read an extended version of this mini-biography in Mundo Fantasma!

Entrevista Súbita Com Laurent Lolmède

Laurent Lolmède
© Laurent Lolmède

A Entrevista Súbita desta semana é com Laurent Lolmède e já está online no blog Mundo Fantasma.

No final anos 90 do século passado a bd foi atingida por uma praga: histórias com um forte cunho confessional ou diarístico. Numa expressão simplificadora, de carácter autobiográfico. A Drawn & Quartely, com autores como Chester Brown, Julie Doucet e Joe Matt, conquistou todas as atenções do público e da crítica, lançando uma tendência narrativa que se alastraria como uma praga. Mais tarde, e muito à custa do contexto político social, surgiu do lado europeu Marjane Satrapi em 2001 com Persepolis, relato sobre a infância da autora no Irão, que se prolongou por vários volumes e em breve terá uma adaptação para cinema animado.

Bem sucedido comercialmente, o “efeito” Marjane anulou outros autores europeus, nomeadamente franceses, com uma obra mais vasta e interessante do ponto de vista autobiográfico, como Fabrice Neaud. Acumulando para cima de 800 páginas, publicados desde 1996, os diários de Fabrice são uma obra maior do género, tocando muitas vezes temas complexos, como o da homossexualidade, ou filosóficos, como a Arte. Outro autor é Laurent Lolmède, que desde 1992 auto-edita os seus diários, entretanto recolhidos em volumes editados pela Alain Beaulet e depois pela La Comédie Illustrée, sob o título geral Extraits Naturels de Carnets.

Neles, Lolmède limita-se a narrar o quotidiano, com todas as consequências que daí advêm, como o desencanto, a superficialidade e o vazio de algumas histórias. Se numa primeira leitura isto pode decepcionar, numa seguinte percebemos que essas coisas fazem parte da “vida real”, e por isso mesmo, podem muito bem fazer parte da vida desenhada e narrada em quadrados. Até porque, quem escreve diários tem esperança que no futuro, e aos olhos dos outros, o presente deles não pareça tão desencantado, superficial e o vazio como de facto o foi. Engraçado, não é?

This week Sudden Interview is with Laurent Lolmède and it’s already in Mundo Fantasma. Laurent Lolmède [1965, Figeac, Lot – France] is a illustrator, painter and cartoonist. Among other works, Laurent is widely know for his autobiographical comics, such as Auto-Psy, Moins X Avant 2000 and notably Extraits Naturels de Carnets. Republished by Alain Beaulet and later on by La Comédie Illustrée, Extraits Naturels de Carnets are a honest and always evolving look at his daily life in Paris. Please, have a look at Laurent’s blog, here and jump to Mundo Fantasma to read the interview!

Entrevista Súbita Com Fabio Zimbres

Fabio Zimbres
© Fabio Zimbres

A Entrevista Súbita desta semana é com Fabio Zimbres e já está online no blog Mundo Fantasma.

A primeira vez que vi trabalhos do Fabio foi na viragem da década de 80 para 90 dos século passado [sou velhinho, não sou?!] na extinta Animal, revista brasileira, da qual só cá chegavam restos e que publicava o melhor do melhorzinho da época: Stefano Tamburini e Tanino Liberatore, Max, Gilbert e Jaime Hernandez, Muñoz e Sampaio, Vuillemin, Rochette e Veyron, Bernet, entre tantos outros.

A Animal era tão aguerrida no miolo como nas capas, que um dia me foi vendida embrulhada em papel almaço, é que o dono do quiosque lá achou que com com uma capa e título daquele calibre, a coisa só podia ser pornográfica. Além disso, tinha um suplemento, o Mau, com textos, ilustrações e bds de autores brasileiros completamente desconhecidos por cá, mas surpreendentes. Se a revista adoptava o subtítulo Feio, Forte e Formal, o Mau usava outro a condizer, Feio, Sujo e Malvado, e se uma era de vanguarda, podemos dizer que o suplemento era a vanguarda da vanguarda. Isto, porque o Mau misturava estilos dissonantes de desenho, tinha uma agenda de concertos altamente underground e abordava todo o tipo de temas possíveis, da literatura beat ao squatting, do belo das deformações físicas aos horrores do cinema série B, da masturbação ao parafílico. Tudo sem restrições.

Perante isto, as revistas de bd portuguesas [e alternativas, se é que alguma vez as houve] pareciam editadas por gente coberta de pó e a cheirar a mofo. E talvez ainda hoje seja assim. Porque se a imprensa é motor de algumas mudanças, no nosso caso, o motor raramente pega e quando pega, está engripado. Colocando em perspectiva o intervalo de tempo, já se passaram 16 anos!, a Animal padecia de um mal ao qual não podia escapar: o maudito país onde era publicada. Mal partilhado por algumas poucas revistas portuguesas, como a Visão na bd, editada entre 1975 e 76, e a K nas generalistas, editada entre 1990 e 1993. Daí que a todas se aplique o seguinte: não estiveram à frente do seu tempo, nós leitores é que estávamos atrasados.

Voltando ao Fábio, continua com a mesma naturalidade, no desenho não tem medo do erro, do acaso e do frágil. Metáforas visuais que servem para abraçar e fixar a vulnerabilidade da condição humana. Coisa rara nos dias que correm.

The Sudden Interview of this week is with Fabio Zimbres and it’s already in Mundo Fantasma. Fabio Zimbres [1960, São Paulo – Brazil], emerged in the 90s brazilian comic scene. Multidisciplinary, he also works in animation, graphic design, illustration and is in charge of Tonto Publishing House. He has published widely in international anthologies and magazines. Check out his recent Panamá o Las Aventuras de Mis Siete Tios, published by spanish Media Vaca, were Fabio illustrates poems by Blaise Cendrars. Read the interview and a extended version this mini-biography in Mundo Fantasma!

Entrevista Súbita com Gary Panter

Gary Panter
© Gary Panter

A Entrevista Súbita desta semana é com Gary Panter e já está no Mundo Fantasma. O Gary é um dos meus heróis, e acreditem, tenho poucos.

Agora a habitual nota biográfica: nascido em 1950, Durant, Oklahoma, E.U.A, Gary Panter é ilustrador, pintor, designer, autor de bd e um dos mais carismáticos e influentes artistas norte-americanos da sua geração. O traço bruto [ou “ratado”, para ser mais exacto] e a habilidade de combinar e recriar estilos diferentes são a principal característica do trabalho de Gary. E é essa a grande virtude dele: mostrar que a originalidade de um autor, nesta viragem do séc. XX para o XXI, está sobretudo na capacidade de apropriação, remistura e recriação de trabalho alheio. E não, não estou a falar de cópia ou pilhagem. A questão, em aberto e muito pertinente, é outra: nos dias que correm, um “estilo próprio” é uma mais-valia para um autor ou artista?!

Não sei. O que é verdade é que desde o pós-guerra [meados do séc. XX], essa questão já se colocava na pintura, nomeadamente através da Pop, e que nas últimas décadas o sampling, na música, é palavra de ordem criativa e motor de grandes revoluções. Em todo o caso, a bd e a ilustração pecam por esse atraso, vá lá, conceptual. Quanto ao Gary, obras como Jimbo in Purgatory e Jimbo’s Inferno, ambos pela Fantagraphics, são de leitura obrigatória para qualquer leitor que se preze. Outro título recente e imperdível é o divertido Facetasm, com Charles Burns.

The Sudden Interview of this week is with Gary Panter and it’s already online in Mundo Fantasma. Gary Panter [1950, Durant, Oklahoma – USA], illustrator, painter, designer, cartoonist, is one of the most charismatic and inspiring artists of his generation. The “ratty” line and the ability to combine and recreate different styles are a trademark of Gary’s groundbreaking work in illustration and comics. Jimbo in Purgatory and Jimbo’s Inferno, both by Fantagraphics, are mandatory reading for all comic readers. Also, don’t miss the grotesquely funny Facetasm, with Charles Burns.

Entrevista Súbita com Baru

Baru
© Baru

A Entrevista Súbita desta semana é com Baru e já está no blog Mundo Fantasma. Autor dos já clássicos Le Chemin de l’Amérique e L’Autoroute du Soleil, Baru volta a um dos seus temas preferidos, o boxe, na recente série L’Enragé [Vol. 1 e 2].

The Sudden Interview of this week is with Baru and it’s already online in Mundo Fantasma. From Baru’s amazing body of work, we highlight here the already classics Le Chemin de l’Amérique and L’Autoroute du Soleil. You shouldn’t miss the recent L’Enragé [Vol. 1 and 2], where he returns to one of his favorite subjects, boxing.

Entrevista Súbita com Ellen Forney

ellen forney
© Ellen Forney

A Entrevista Súbita com Ellen Forney já está em linha, aqui, no blog Mundo Fantasma. Ellen Forney é autora de bd e ilustradora, também ensina bd no Cornish College of the Arts de Seattle. O seu último livro, I Love Led Zeppelin: Panty-Dropping Comics, Fantagraphics, é uma recolha de tiras publicadas em várias revistas e jornais norte-americanos.

The Sudden Interview with Ellen Forney is already online, aqui, in Mundo Fantasma’s blog. Ellen Forney is a professional cartoonist and illustrator, she also teaches comics at Seattle’s Cornish College of the Arts. Her latest comic book I Love Led Zeppelin: Panty-Dropping Comics, by Fantagraphics, is a collection of strips published in several magazines and newspapers. If you live in US, check her live I Love Led Zeppelin multimedia presentation!

Entrevista Súbita…

… é o nome de uma série de entrevistas minhas a autores de banda desenhada que começa amanhã no blog Mundo Fantasma, como já aqui anunciei.

Cada entrevista, ou questionário, depende do ponto de vista, obedece às mesmas questões: que bd é que estão a ler, se têm uma bd que seja a preferida de sempre, quando e onde compraram a primeira bd, que autor de bd [para além deles próprios, como é óbvio] é que gostariam de ser, qual o material de desenho preferido e se têm alguma marca em especial, onde é que foram jantar fora pela última vez e se seguiram as sugestões dos chefe, e por último, se ainda têm um quarto de adolescente em casa dos pais deles, se este continua “intacto” e se costumam visitá-lo.

Tudo, para que ao longo do tempo se vá traçando um perfil global do autor de banda desenhada. Que gostos, hábitos ou manias têm em comum, se é que as têm de todo, se partilham experiências de vida e perspectivas do mundo muito semelhante, ou se pelo contrário, pouco ou nada têm a ver uns com os outros. Por outras palavras, se a partir de um conjunto de respostas, será possível arriscar responder a uma outra pergunta de fundo: “afinal, o que é um autor de bd?”.

Assim, o calendário de entrevistas súbitas para este mês de Março no blog Mundo Fantasma é o seguinte:

5 de Março
Matt Madden
… com uma boa multiresposta no que diz respeito a que autor gostaria de ser.

12 de Março
Ellen Forney
… muito detalhada nos materiais que usa e sobre a primeira bd que comprou.

19 de Março
Baru
… um leitor atento a tudo o que é de Daniel Clowes.

26 de Março
Gary Panter
… absolutamente revelador quanto ao significado do estúdio dele.

E a fazer a ponte entre meses teremos a 31 de Março:

Fabio Zimbres
… com um olhar alargado aos livros que fizeram parte da infância dele – e nossa.

Starting tomorrow, March 5th, in Mundo Fantasma, The Sudden Interview is a series of weekly interviews I am doing with cartoonists. The interviews are all made up of the same questions, seven in total, so that with time we will be able to develop a global portrait of the cartoonist: what habits and tastes do they have in common, if any at all? Do they share life experiences and have a similar perspective of the world, or are they completely different one from the other? In other words, from the basis of these answers, we propose to try and answer the question: “what is a cartoonist, anyway?”.

So, for this month of March we will have in Mundo Fantasma:

March 5th
Matt Madden
… with a clever multiple answer to the question of which author he would like to be.

March 12th
Ellen Forney
… many details about the materials she uses and about her first comic ever.

March 19th
Baru
… a close reader of everything by Daniel Clowes.

March 26th
Gary Panter
… with a remarkable insight about the meaning of his current studio.

And bridging the months we will have on March 31:

Fabio Zimbres
… with an in-depth look at the books that were part of his childhood – and ours.

Mini-Entrevistas a Caminho!

É já no próximo dia 5 de Março que começa a ser publicada, aqui no blog Mundo Fantasma, uma série de mini-entrevistas minhas a autores de banda desenhada de todos os feitios, estilos e nacionalidades.

As perguntas, num total de sete, serão iguais para todos os autores e o objectivo é traçar um retrato geral de gostos, preferências e hábitos, que vão desde a leitura aos matérias que cada autor usa para desenhar [ou escrever, como é o caso dos argumentistas].

Mais ainda, e para que os autores também possam ler o que os outros responderam, as entrevistas serão publicadas em português e inglês.

Até lá, preparem-se para ler respostas, como é costume dizer-se, de todos os calibres: umas curtas, outras longas, algumas introspectivas e outras quantas desgarradas.