Jordi Labanda

Um nada desleixado a vestir, Jordi Labanda está muito longe de ser a pessoa que imaginamos quando olhamos para as suas ilustrações de mulheres esguias, charmosas e a transbordar de bom gosto naquilo que vestem, as mesmas mulheres que lhe trouxeram clientes, fama e admiradores. Christian Lacroix e Mario Testino são dois incondicionais das mulheres de Labanda, ainda que nas ilustrações dele também apareçam homens de traços latinos e corpinho bem feito, demasiado convencidos do erotismo que uma camisa aberta até terceiro botão pode deixar escapar. Depois, depois disso há ainda as avós ternurentas e os miúdos marotos, a quem ninguém parece dar muita atenção.

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Papel de Parede: Brevíssima História

O Smithsonian prepara uma exposição sobre a história dele. A Elle, Vogue ou Wallpaper usam-no nas produções de moda. Laura Ashley e Ralph Lauren perceberam que vale a pena continuar a desenhá-lo. Magritte trabalhou alguns anos numa fábrica, mas executou mais do que aqueles que desenhou. Pessoa falava do fingidor, talvez do pintor-fingidor, aquele que fingia no papel materiais como a mármore ou o gesso. Willam Morris não queria que as paredes da Red House em Kent ficassem nuas, por isso tratou de desenhar e pintar verdadeiros clássicos. O papel de parede, uma chinesice que nesta década parece quer voltar em força às paredes das nossas casas.
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BD: Jogos Humanos (II)

“[…] “Jogos Humanos”, resultado da sinergia de dois talentos em ascensão, Paulo Patrício (argumento) e Rui Ricardo (desenho). Se a história aborda temas polémicos exactamente como devem ser abordados (como se fossem, como são, tão naturais como quaisquer outros), o traço vinca essa naturalidade inocente, usando muito bem o fundo escuro das páginas. “Jogos humanos” é ainda uma lição rara na abordagem da linguagem quotidiana.”

João Ramalho Santos
in Jornal de Letras

BD: Jogos Humanos (I)

“O conjunto tem a eficácia e a densidade de uma “sitcom”, com a frivolidade a mascarar o quotidiano e a reflexão a esconder-se no entrechoque dinâmico das figuras. Embora nem sempre a figuração acompanhe a narrativa. Nota-se alguma rigidez no desenho, como se sente demasiado a ausência de fundos, embora haja bons enquadramentos e páginas intensas, aproveitando na perfeição o fundo negro das páginas.
O carácter, a um tempo, contemporâneo e local é ainda acentuado com a apresentação, à laiad de fundo musical, de um certo Porto, concreto e húmido, com as suas referências noctívagas e geracionais. Bem divertida é ainda a cena em que os autores se autorepresentam enquanto homofóbicos. Todos sem excepção, autores e amigos, cidade íntima e Porto exterior, entram neste jogo humanista.
O tema é a sexualidade, está claro, mas falada, reflectida, digerida, pois o pudor dos autores não permitiu senão, e já no fim, uma “cena de cama”. Tradicional e sem excessos gráficos, apesar do número de parceiros. A investigação não passa aqui pela representação da carne, mas pelo comércio dos corpos que oferecemos uns aos outros em conversa. Ainda que seja apenas à flor da pele.”

João Paulo Cotrim
in O Independente

BD: O Canapé Humano

“Mais três novos títulos da colecção Quadradinho […] “O Canapé Humano”, de Paulo Patrício – um dos fundadores do EIA! e co-editor da fanzine “Cru” – é uma adaptação do conto “The Human Canape” de Will Self, ou como vencer as suas fobias aproveitando o boom económico dos anos 80 (já passaram!).”

in BlitzTexto Não Assinado

Os anos 80 já tinham passado, é verdade, mas faltariam ainda muitos anos até que um livro de Will Self fosse publicado em português…

BD: Aqui, À Terra (IV)

“Produtos directos do movimento de fanzines em Portugal, os autores desta pequena história são a prova de que a BD de expressão portuguesa não só não está morta, como tem toda a vida pela frente. Sincopada e sóbria na sua urdidura narrativa, esta história de amor “impossível” coloca nos seus devidos termos a relação do corpo com a consciência: aquele é o suporte material que dá sentido ao “aqui e agora” da vida humana. O resto é delírio… ou suicídio.”

Texto Não Assinado
Sem Referência da Publicação

BD: Aqui, À Terra (III)

“O sexto Quadradinho volta a ter a assinatura de um autor português, ou, melhor dizendo, de dois, já que tem argumento de Paulo Patrício e desenhos de Mário Moura. Dois autores com rodagem feita em concursos que assinam uma BD que nos prova que o amor não conhece barreiras mesmo quando o ser amado é uma sereia e, para a acompanhar, é necessário abandonar a alma, a única coisa que nos prende “aqui, à terra”.

in secção BoletimTexto Não Assinado
Sem Referência da Publicação