O Ali Qureshi gere e atende na melhor mercearia indiana da baixa do Porto, na Rua Cimo de Vila, aquela das tenebrosas casas de alterne, na Batalha.
Tem excelente e imensa variedade de especiarias, sementes, picles e temperos, uns difíceis de encontrar, outros que nem sabíamos que existiam e têm nome impronunciável. Tudo a bom preço, ainda que por vezes só em sacos de um quilo. Também lá encontram farinhas, arroz, óleos, paparis (i.e. papaduns), e outras boas surpresas, como pasta de menta, folhas frescas de caril e quiabo grande. Não fujam às chamuças de vegetais, congeladas, mas feitas por uma senhora que vive por ali perto. Sim, é aqui que os restaurantes indianos da cidade, mas também africanos, fazem compras.
Aos sábados e domingos de manhã é quando há mais movimento, e é bom, num tempo de tantas rupturas e preconceitos, ver quem entra cumprimentar a seu modo: “As-Salam Aleikoum!”, “Namaste!” ou “Bom dia! Kuma di kurpo?”, sem que ninguém fique particularmente incomodado com isso. Visito a mercearia com regularidade, para fazer compras e cumprimentar quem entra, mas também pelas embalagens. Terapia visual, suponho.
O Ali não tem Facebook, porque não tem “tempo para isso”, uma boa resposta.