Samuel Shepard Rogers, os amigos tratavam-no por Steve Rogers, nasceu numa base militar, Fort Sheridan, Illinois, a 3 de Novembro de 1943.Cresceu numa quinta, onde à medida que foi assistindo às sucessivas bebedeiras do pai, fez de tudo um pouco para ajudar a mãe: apanhou laranjas, ordenhou vacas, tosquiou ovelhas, mas aos dezanove anos não aguentou mais e mudou-se para Nova Iorque.
Tinha um sonho, queria escrever peças de teatro e ser famoso, mas enquanto isso não acontecia foi cobrador de bilhetes nos autocarros, empregado de mesa e músico de jazz no célebre Village Gate de Greenwich Village. Apesar de ser um rapaz do campo, percebeu que um mau nome nos Estados Unidos pode ditar a sorte duma carreira, foi por isso que começou a assinar Sam Shepard nas peças que apresentava a encenadores, porque Steve Rogers era nome de herói de banda desenhada, para sermos mais exactos, era o verdadeiro nome do Capitão América. A mudança de nome deu-lhe sorte, com apenas vinte anos são levadas à cena duas peças num só acto, Cowboy no Teatro Genesis e The Rock Garden no St. Mark’s Church-In-The-Bowery. Os personagens, suspensos entre um passado que querem esquecer e um futuro que não desejam, e os diálogos fulgurantes, cheios de humor e linguagem de rua, tudo sem corrigir uma palavra que fosse, o que sai é o que fica no papel. As peças chamaram a atenção dos encenadores certos, aqueles que ele precisava para completar o seu sonho, correu todos os teatros experimentais de Nova Iorque, depois fez o país de costa a costa com companhias itinerárias, vieram os argumentos, a realização e acaba actor de cinema e televisão. Recebeu vários prémios, a lista é muita extensa, por isso bastará mencionar os 10 Obie Awards, o Pulitzer por Buried Child e a Palma de Ouro do Festival de Cannes pelo argumento de Paris, Texas.
Texto publicado na Revista, Nº1555, Agosto de 2002, do semanário Expresso.