The Smartest Kid On Earth

É muito complicado abordar o trabalho de Chris Ware, primeiro porque é um trabalho único, e depois porque é inevitável ter a tentação de não parar de falar sobre ele. O lado visual de Ware tem origem nos grandes clássicos de bd americana dos anos 30, 40 e 50, mas não estamos a falar apenas da bd e animação, mas também de publicidade e artes gráficas do final do século XIX até aos anos 20, daí a afectividade e o prazer nostálgico que sentimos quando pegamos num dos livros de Chris Ware.
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Autores [em 2001]

Foram poucos os novos. Os outros continuam a publicar com alguma regularidade. Alguns tentam a vertente comercial, mas há quem prefira o manifesto artístico. As bolsas continuam aí, para podermos largar tudo e trabalhar sem preocupações. Não haviam editoras, mas agora já podemos dizer que o nosso livro ficava bem editado nesta ou naquela.
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Jordi Labanda

Um nada desleixado a vestir, Jordi Labanda está muito longe de ser a pessoa que imaginamos quando olhamos para as suas ilustrações de mulheres esguias, charmosas e a transbordar de bom gosto naquilo que vestem, as mesmas mulheres que lhe trouxeram clientes, fama e admiradores. Christian Lacroix e Mario Testino são dois incondicionais das mulheres de Labanda, ainda que nas ilustrações dele também apareçam homens de traços latinos e corpinho bem feito, demasiado convencidos do erotismo que uma camisa aberta até terceiro botão pode deixar escapar. Depois, depois disso há ainda as avós ternurentas e os miúdos marotos, a quem ninguém parece dar muita atenção.

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A Las Mujeres No Les Gusta Follar e Anal-Fabetos

Confesso que logo à partida gostei dele, e passei a gostar ainda mais quando na contracapa dos livros o vi de fato e gravata preta, meia de mulher enfiada na cabeça e com os filhos, Yhedra e Jhonatan, ao colo. Lindo. Álvarez Rabo, um dos melhores pseudónimos que conheço, define-se como sendo fruto da estupidez dos anos 80 e dos eclécticos anos 90, um intelectual humanista-marxista que segue todas as modas e que trabalha no El Corte Inglés.
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Case, Planche, Récit

Existem três pontos de charneira na teoria da bd: Essai de Physiognomonie, de Rodolphe Töpffer; Comics & Sequential Art, de Will Eisner e Understanding Comics, de Scott McCloud. Benoît Peeters pretende alcançar com este livro o mesmo objectivo e estatuto dos outros três, o de referência. Esse objectivo é demonstrado logo nas primeiras páginas, em que o autor nos dá a sua ideia do que deverá ser a teoria da bd, como é que pode ser feita e em que moldes.
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Kathryn Laity

Licenciou-se em Estudos Internacionais, mas um gosto profundo pela literatura fantástica e línguas antigas levou-a a concluir em 1995 um mestrado em Estudos Medievais, estando hoje a preparar o seu doutoramento na Universidade do Connecticut com a dissertação Local Heroes: The Sociolinguistic Context for The Development of Vernacular Saint’s Lives in Old Irish. Uma dissertação centrada na vida e relatos de três santos Brigit, Óláf e Gu Thorn Lac, avaliando qual é a importância dos mesmos na literatura irlandesa, escandinava e inglesa durante a idade média. Por isso mesmo, não é surpreendente que Kathryn Laity escreva contos fantásticos, como The Willimantic Frogs, Sinkka Journeys North, Walpurgisnacht, A Gift House, Master of Terror’s House of Horror, The Eleventh Commandment, Another Metamorphosis, A Moral Tale About Obsession, Dream Forge e Revelation, com o qual ganharia o prémio MGM/United Artists/Clive Barker no Lord of Illusions Short Story Contest em Novembro de 1995. Publica também ensaios sobre bd e ilustração.

Texto publicado na revista Quadrado, Volume 3, Nº3, Maio de 2001.